terça-feira, julho 19, 2011

PANORAMA MUNDIAL E CIENTIFICIDADE DA ASTROLOGIA

Contrariamente ao que é em geral suposto, a Astrologia pode, com toda legitimidade, pretender o status de ciência factual[1] (empírica[2] , não teórica, diferença que os astrônomos parecem desconhecer...), pois satisfaz às condições essenciais para que um saber factual mereça o status de científico, quais sejam: as de que seja capaz de (1) dar origem a previsões – corretas ou incorretas! – da ocorrência de fenômenos refutáveis[3] pela observação e de (2) aceitar invalidá-las, se tal refutação ocorrer.

Assumidos esses critérios, vemos que, se a defesa – astronomicamente correta – do heliocentrismo pode, na boca de Galileu, ser considerada científica, por assentar-se em observações empíricas refutáveis, já a mesma proposta, a despeito de sua correção, não pode, na voz dos sacerdotes egípcios adoradores de Ra, o deus Sol, ser assim considerada, pois tem assento unicamente na fé, escapulindo a esse tipo de refutação.

Da mesma forma, a sustentação - astronomicamente incorreta - do geocentrismo, pode, não obstante sua incorreção, ser considerada científica na voz de Ptolomeu, pois assentava-se na empiria, dobrando-se a ser refutada por ela, enquanto esse mesmo geocentrismo, eivado da mesma incorreção ptolomaica, não pode ser considerado científico na boca do Santo Ofício, o qual, para manter-se fiel à letra da Bíblia, esticou tanto sua fé que, para mantê-la, livrou-se dos fatos empíricos que a refutavam, usando o descarado subterfúgio de considerar como “instrumento do diabo” o telescópio, do qual, para dar fundamento ao heliocentrismo, se serviu Galileu[4].

Posto isso, passo a descrever três previsões que fiz, fundamentado nas proposições empíricas da Astrologia, todas elas perfeitamente refutáveis¸ sendo que duas dessas três já se preencheram e que o preenchimento ou não preenchimento da terceira poderemos logo constatar:

Primeira Previsão – No início de 2008, dada a entrada definitiva, no final de novembro daquele ano, de Plutão (= forças subterrâneas), no signo de Capricórnio (= estruturas rígidas), previ que, a partir dessa data, nas áreas em que houvesse significativas fraturas geológicas, iriam ocorrer, com maior intensidade e/ou freqüência, explosões vulcânicas, terremotos, tsunamis, inundações etc.. Tsunamis como o do Japão e explosões vulcânicas como a da Islândia, por mais lamentáveis que tenham sido suas conseqüências, não me causaram surpresa (embora tenha-me causado surpresa que, além de erupções vulcânicas, as forças subterrâneas de Plutão tenham também feito voar tampas de bueiro, nas fraturas rodoviárias com que as Prefeituras do Rio de Janeiro brindaram a população dessa cidade).

Segunda Previsão – Em dezembro do mesmo ano, disse a meu filho: “Caramba, a partir do início do ano que vem, as coletividades que se sentem oprimidas irão iniciar revoltas – frequentes vezes sangrentas – contra seus opressores – supostos ou reais!”. Fiz tal afirmação assentado sobre o conhecimento de que, no começo de 2011, Urano (= o grande promotor de revoluções) entraria definitivamente em Áries (= confrontos bélicos). Ele ficou absolutamente perplexo – não dava lá muito valor a previsões astrológicas – quando, conforme o que eu previra, a atual onda de revoltas, ora mais, ora menos sangrentas, começou a varrer o Oriente Médio, começando pela Tunísia.

Terceira Previsão – Como, grosso modo, dentro da faixa temporal que vai de 15 de julho a 15 de agosto deste ano, os dois astros mencionados vão entrar em conflito aberto[5]no Zodíaco, suponho que haverá uma exacerbação do torvelinho que cada um desses planetas já está causando aqui na Terra, mesmo antes de se “estranharem” no céu.

Essas três expectativas provêm de conhecimentos astrológicos e são perfeitamente refutáveis, sendo, portanto, de natureza científica, a despeito de sua refutação ou não-refutação.

As duas primeiras não foram refutadas, quanto à terceira, “quem viver verá”...[6]

Rio de Janeiro, 15/07/11.

[1] Não uma ciência meramente formal, como são, por exemplo, a Lógica e a Matemática.
[2] Como, por exemplo, a cada vez mais reconhecida Homeopatia;
[3] "
Refutabilidade" (falseabilidade ou falsificabilidade), conceito fundamental para a Filosofia da Ciência, foi proposto por Karl Popper (1902-1994), considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a ocupar-se desse ramo da Filosofia. Para uma asserção de natureza empírica ser refutável, basta que seja possível fazer-se uma observação que a contradiga;
[4] Instrumento, aliás, de que não dispunha Ptolomeu, o qual, sobre observação empobrecida, baseou falsa conclusão;
[5] Para os entendidos: estarão dentro de uma órbita de 1 grau da quadratura partil;
[6] Confesso que me assusta a possibilidade de que, desse torvelinho, também faça parte a não ampliação do "teto da dívida" estadunidense.