sábado, fevereiro 22, 2014

ASTROLOGIA MUNDIAL

Em 2010, decidi que passaria a dedicar parte de meus estudos à Astrologia Mundial. Isso pelo simples fato de que estava começando a ficar cansado de oferecer ao público sustentação da eficácia de minhas previsões astrológicas mediante casos que apenas eu - por vezes, mais uma ou duas pessoas - havia presenciado. 
Fiz, a partir de então, previsões sobre fatos mundiais que, por sua natureza, estariam ao alcance de todos, embora não me lembro quais delas cheguei a tornar públicas. 

Uma foi a de que a entrada definitiva, sem retrogradações, de Plutão no primeiro decanato de Capricórnio traria cataclismos de grandes proporções relacionados com deslocamentos da e sob a crosta terrestre. Acertei. Com efeito, pouco depois de eu haver externado isso, começaram, no fim de 2009, na Islândia, as atividades sísmicas sob um vulcão, que, adormecido desde 1821, voltou, em abril de 2010, quase dois séculos depois, à lançar enormes volumes lava e cinza de sua cratera. Menos de um ano depois, em Março de 2011, um tsunami de proporções gigantescas assolou a costa do Japão, deixando quase 20.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos. 

Outra foi ter adiantado que a entrada de Urano no primeiro decanato do signo de Áries ("beijou" esse decanato do signo do fim de maio de 2010 até meados de agosto desse ano, depois entrou definitivamente nele a partir de março de 2011, devendo sair dele, passando sem retrogradações para o de Leão em fevereiro de 2014 - o que, a meu ver, deverá trazer descrédito para várias cabeças concreta ou simbolicamente coroadas) - iria trazer REVOLTAS SANGRENTAS CONTRA REGIMES TOTALITÁRIOS. Acertei: a onda de protestos batizada de "primavera árabe", iniciada APÓS EU HAVER FEITO A PREVISÃO, destronou quatro ditadores: os da Tunísia e do Egito deixaram o poder sem oferecer grande resistência, Muammar Kadafi, da Líbia, deixou o poder morto, o do Iêmen, após resistir durante vários meses à manifestações populares, transferiu o poder para um governo provisório, Bashar al-Assad resite até agora. Evidentemente, como previsto, sobrou sangue para todo lado. 

No ano passado, quando os comentaristas políticos mundiais apontavam a solidez de Putin como tsar comunista, observei: é, mas a partir de fevereiro de 2014 vai ter essa solidez fortemente abalada, pois Plutão vai, a partir daí, até dezembro de 2015, fazer oposição ao grau ocupado por seu Sol, regente de seu Meio-do-Céu (= posições de poder hierárquico) . Acertei. Pensei que isso fosse acontecer em torno dos eventos ligados à Olimpíada de Inverno em Sochi. Errei. Está acontecendo na Ucrânia, em Kiev, que está opondo ao tsar atual a resistência que, na segunda metade do século XVI não pode opor a Ivan, o Terrível, que a assolou com requintes da maior crueldade. Minha previsão atual é a de que, depois de um breve intervalo durante meados de 2014, essa posição irá culminar novamente, no fim desse mesmo ano, de forma que novas eleições deverão, de fato, ocorrer em dezembro desse ano na Ucrânia, sendo eleito um presidente que irá opor-se fortemente às intenções de Putin de impedir uma relação mais estreita entre a Ucrânia e a Comunidade Europeia. Se Putin, a partir disso, não for apeado do poder, fará jus a seu mapa natal, que o revela como, possivelmente, uma das pessoas mais poderosas deste planeta (Plutão em conjunção ao Meio-do-Céu, regendo o Ascendente, em trígono com Marte, sextilha com Mercúrio, Saturno e Netuno, vendo-se, ao topo disso tudo, inflado por uma quadratura de Júpiter). O cara não é mole.

Em tempo:  Fiquei atraído pela Astrologia Mundial, quando, em dezembro de 1985, assistindo, em Congresso Mundial de Astrologia, a uma palestra de André Barbault, a maior autoridade então conhecida nessa matéria, ouvi-o responder a uma pergunta sobre se ele teria alguma previsão a fazer sobre o Brasil que, por volta de 28 de fevereiro do ano seguinte, deveria haver uma profunda reformulação das regras do jogo econômico-financeiras imperantes em nosso país.  Para meu completo assombro, EXATAMENTE EM 28 DE FEVEREIRO DE 1986, O PRESIDENTE SARNEY PÕE LANÇA O PLANO CRUZADO, com base no decreto lei número 2.283, de fevereiro de 1986.  Vou repetir, para eu mesmo ouvir, porque nem eu mesmo acredito:  EM DEZEMBRO DE 1985, eu ouvi de um especialista em Astrologia Mundial, que, EM TORNO DE 28 DE FEVEREIRO DE 1986, haveria profunda reformulação das regras de jogo econômico-financeiras vigentes em nosso país, seja, EXATAMENTE NA DATA DE LANÇAMENTO DO PLANO CRUZADO.  Que é isso, Astrologia ou Vudu? Como podem imaginar, mais de uma centena de pessoas, presentes à palestra, podem confirmar isso!

INSÔNIA

Alguém, aqui, sofre de insônia? Pois bem, muitas vezes, vi pessoas próximas ficarem admiradas frente a pedidos meus, do tipo: "quero dormir um pouco, mas só tenho (literalmente) dez minutos. Você me acorda?" Mais de uma vez, ouvi: "Como!? Você vai conseguir se recostar (às vezes, numa mera poltrona) e cair no sono durante apenas dois minutos?" Pois é. Lá ia eu, recostava-me, e DORMIA DURANTE DEZ MINUTOS!

Os protestos e a admiração que enfrentei acabaram por fazer-me curioso em relação a essa minha anormalidade e resolvi prestar atenção. Conclui o seguinte:

Se uma pessoa se recosta e pensa "TENHO QUE dormir dez minutos, pois é o único tempo que tenho para isso", poucos segundos após recostar-se, percebe: "Ainda não estou dormindo"! Consequência: SINAL DE PERIGO, que nos põe mais alertas, levando-nos, naturalmente, a perceber nitidamente que CONTINUAMOS ACORDADOS, o que nos põe mais alertas ainda, e, naturalmente, mais insones, o que nos põe mais desesperados, ocupados com pensamentos do tipo "meu deus, vou ter que trabalhar horas seguidas, com sono", pensamento assustados que, naturalmente, não nos deixa dormir, e acabamos envolvidos nesse torturante círculo em que o perceber que não estamos dormindo nos põe em um estado de alerta que definitivamente não nos deixa dormir. Mas, graças aos céus, logo somos libertados dessa tortura pela pessoa que, gentilmente, passados os 10 minutos que estivemos envolvidos por ela, nos vem trazer, insones, para a vigília declarada, mas menos torturante, de nossa miséria cotidiana... Que bom que acabou! Mas, na verdade, nós queríamos era ter dormido!

Mas... e como consigo eu dormir placidamente durante praticamente todos os dez minutos durante os quais me disponho a fazê-lo?

Prestei atenção. Penso, ao me ver já recostado: "Vou RELAXAR BASTANTE durante estes dez minutos, quem sabe, até, dormir? Aí, percebo QUE ESTOU BEM MAIS RELAXADO, o que, naturalmente, me deixa bastante relaxado, o que, ao ser percebido, relaxa-me ainda mais, até que... Até que acordo, dez minutos depois, com o gentil chamado de quem me veio acordar...

Quem sabe dá certo com outras pessoas? Pode ser.

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

O ALFA E O ÔMEGA DA PSICANÁLISE


Em janeiro de 1893, publicava-se, numa revista de neurologia, em Berlim, a seguinte sequência de palavras, não obstante perdidas em meio a um parágrafo de sintaxe bastante arrevesada, creio, até para um falante nativo do alemão:

“descobrimos ... que os sintomas histéricos... desapareciam ... quando ... o enfermo ... dava... da forma detalhada mais detalhada possível ... palavras à emoção”.

Se a descoberta correspondesse aos fatos – e corresponde – e pudesse ser estendida – e pode – para além dos limites da histeria, abrangendo todos os demais quadros neuróticos, seria apenas necessário desenvolver técnicas, as mais eficazes possíveis, para servir a essa  estratégia, cujo objetivo simples, claro e chão é permitir, da forma cada vez mais rápida e duradoura, que um paciente “dê palavras, o mais detalhadamente possível, a suas emoções” para que portentoso desenvolvimento fosse dado à cura da neurose.  E o que, de fato, aconteceu?  Vejamos.

Uma instituição, frequentes vezes, não passa de uma inflamação, criada em torno de uma ideia, para sufocá-la.  A Igreja Católica e o Partido Comunista são acabado exemplo disso.  As Sociedades Psicanalíticas parecem ter pretendido, e com sucesso, seguir-lhes fielmente as pegadas e, dentro delas, as palavras, não há dúvida, se multiplicaram, se multiplicaram, se multiplicaram e continuam se multiplicando, se multiplicando, se multiplicando...  Desafortunadamente, ocorreu um pequeno deslize e as palavras que se multiplicaram e se multiplicaram e se multiplicaram foram as dos analistas, não as dos pacientes, e, visto não terem encontrado nada mais tão espetacular assim para ser dito, suas novas palavras foram progressivamente soterrando, soterrando, soterrando aquelas palavras simples e brilhantes, que tinham algo fundamental a dizer, mas que acabaram cinzas, quase silenciadas, sob a poeira de nada que sobre elas se depositou.

E eu, o que tenho de novo e brilhante a dizer?  Nada.  Então, já que não tenho, vou repetir: 

“Se os pacientes forem auxiliados pelos seus psicanalistas, por meio de não importa qual técnica, a dar, de forma bastante detalhada, palavras às suas emoções, seus sintomas neuróticos desaparecem”.

Simples, não?  Pois é...

[Bem, para quem gosta do alemão e o entende:  as palavras garimpadas por mim fazem parte do trecho seguinte, destacadas em negrito  e vermelho (o itálico são dos próprios autores): 

Wir fandem nämlich, anfangs unserer gröβten Überraschung, daβ die einzelnen hysterischen Symptome sogleich und ohne Wiederkehr verschwanden, wenn es gelungen war, die Erinnerung an den veranlassenden Vorgang zu voller Helligkeit zu erwecken, damit auch den begleitenden Affekt wachzurufen, und wenn dann der Kranke den Vorgang in möglichkeit ausführliche Weise schilderte und dem Affekt Worte gabAffektloses Erinnern ist fast immer völlig wirkunglos.“  Breuer, J. & Freud, S.  „Über den Psychischen Mechanismus Hysterischer Phänomene“Berlin:  Neurologisches Zentralblatt, Janeiro, 1893, vol. 12 (1), como disse, a parte que vai em itálico é dos autores]. 

terça-feira, fevereiro 04, 2014

AR E LUZ

AR E LUZ

JOÃO:  – Márcio, embora eu estivesse muito aBAFado (˂bafo↔ar), quando o Pedro chegou, recebi-o assim mesmo.  Eu estava desANIMado (˂latim “anima” ↔ grego “psyché” = respiração de vida, princípio vital, alma [*]), eSTRessado (˂latim “strictu”= estreito = respiração estreitada) e cheio de ANGÚSTIA (˂latim “angustia”= desfiladeiro = respiração estreitada) e, como ele tem a mente bem ARejada (˂ar), achei que, se VENTilássemos (↔, vento, ar) alguns assuntos, poderíamos jogar mais LUZ sobre alguns deles, encontrando, talvez, INSPIRação (↔ar) suficiente para inVENTar (↔vento, ar) algumas soluções provedoras do ALENTO (˂latim “anhelito” = bafo, hálito, respiração) que me faltava.
De fato, a conversa acabou por deixar CLARos (↔luz) vários pontos anteriormente obSCUROS (↔luz), produzindo duas ou três ideias LUMINosas (˂latim “lumina” = luz), bem capazes de tirar das dificuldades em que me encontro!
Eu estava bem APAGADO (↔luz), quando Pedro chegou.  Agora, ACENDERAM-SE (↔luz) novas esperanças em mim!  Por isso, aVENTei (↔vento, ar) a hipótese de nos encontrarmos mais.  Saiu todo INFLADO! 

*  Peters, F. E.  “Termos Filosóficos Gregos”.  Lisboa:  Fundação Calouste Gulbekian, 1983.