quinta-feira, março 25, 2010

OS PERIGOS DO PRÉ-SAL

Como disse Millôr Fernandes, "toda super-mãe gera um infrafilho".

Corre entre os judeus a estória de que Golda Meir, a famosa premier israelense, soía brincar, dizendo que Moisés tinha sido, de fato, um grande líder, pois tinha conseguido tirar os judeus do Egito e levá-los para o único lugar do Oriente Médio onde não havia petróleo... E que tem petróleo a ver com supermães – ou pais – e infrafilhos?

Para entendê-lo, façamos uso do seguinte trecho de entrevista concedida à revista Veja por José Murilo de Carvalho, um de nossos mais perpicazes historiadores:

“VEJA – Lula ainda teve a sorte da descoberta do campo de petróleo de Tupi...
Carvalho – ... É uma boa notícia, mas também representa um alto risco, porque o petróleo pode ser uma maldição. Se as reservas forem do tamanho previsto e puderem de fato ser exploradas, haverá uma tentação muito grande: a de se usarem os recursos para fins paternalistas dentro do Brasil e em projetos aventureiros fora dele, como faz Hugo Chávez. Temo pelo afogamento da República num mar de petróleo, quando penso nas conseqüências internas: ... um país transformado num imenso INSS, a antítese do ativismo cívico.” (Veja, ed. 2040, ano 40, n. 51, p. 15; grifos meus)

Penso que, se a nossas considerações sobre a frase de Millôr acrescentarmos as de Murilo de Carvalho e as que se atribuem a Golda Meir, chegaremos ao consenso de que não apenas supermães criam infrafilhos, como também superestados criam infracidadãos.

Parece que os fatos não comprovam o que o velho ditado latino "quod abundat non nocet" – o que abunda não prejudica – pretende sustentar.

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