terça-feira, dezembro 13, 2011

A "PRIMAVERA ÁRABE" (III): PARECE QUE TAMBÉM ACERTEI O SANTO

Rio, 13/12/2011

Em 26 de novembro próximo passado, publiquei [em "A 'PRIMAVERA ÁRABE' (I)] as seguintes linhas:

" O dia 10 de dezembro próximo  (quando o movimento de Urano de retrógrado passa a direto) marcará a inversão do jogo militar de forças na Síria - que, na "primavera árabe", certamente é a "bola da vez":  a maior parte do exército deixará de servir ao governo para passar a lutar ao lado do povo.  Um clima de guerra civil deverá instalar-se no país até meados de julho do ano próximo, quando - com o Assad devidamente "frito" - algum tipo de governo de transição tomará o poder (Urano retrograda novamente).  Quem viver verá."

No dia 10 de dezembro, com a passeata de certa de 20.000 pessoas, em Moscou, pedindo a saída de Putin, cheguei a pensar que as previsões que eu fizera em relação à Síria, caberiam, na verdade, à Rússia. Os fatos que se seguiram, deixaram claro que os protestos na Rússia não vieram no lugar de uma exacerbação dos conflitos na Síria, eram apenas eram apenas mais uma homenagem à entrada definitiva do planeta Urano no signo de Áries.  

Vejamos o que foi dito, em 11/12 próximo passado, no programa BBC World News, às 0h00min GMT (02h00min da madrugada no Rio:  eu já estava dormindo e pude ver que acertara em minhas previsões sobre a Síria):

 "Very large-scale attack in the  "... "and I think we'll see more of this"
No mesmo programa, às 13h00 GMT (15h00min daqui:  eu já estava acordado e vi que acertara), informa de Istambul um reporter da emissora:

"intense fire in Syria between the defectors from the army and the government forces around the city of Busra al-Harir" ... "violence also took place over the border of Jordan for the first time" ... "this is the most intense battle which has taken place so far between the armed units of the opposition and the government" ... "this fear of civil war is to some degree a reality in parts of Syria" ... "all of that suggesting that the fighting at least is continuing in a very high level, possibly higher"

Pergunta a âncora do programa:  

"Doesn't it seem that this phenomenon of soldiers defecting is an increasing thing we are seeing across the country?"

O reporter em Istambul confirma as suspeitas da âncora e, no programa de 06h00min de ontem, 12/12, acrescenta que, de fato, 
"the clashes could intensify further"  

e que, de qualquer forma, a oposição a Assad afirma que o que se viu foi

"the most large-scale battle so far between".

Com efeito, os protestos em Moscou foram só o "hors d'oevre", mas cabe acrescentar também uns comentários da BBC World News sobre ele.  Foram coletados de programa que foi ao ar às 11h00min am GMT (16h00min de Washington):

"Russia has found a new generation of protest here, that is, the Internet generation, they are young and well informed and they are fed up with corruption and lies ... it  was just a day when some people in Russia stood up and said :  'Stop treating us like idiots' "

Quis postar isso logo, por isso preferi, em vez de fazer uma tradução apressada do inglês, transcrever as falas originais, para, quando, menos apressado, puder tratá-la com maior cuidado.
















sábado, dezembro 10, 2011

A "PRIMAVERA ÁRABE" (II): ACERTEI O MILAGRE E ERREI O SANTO

Como afirmei em "A 'Primavera Árabe': mais umas previsões", postada 26 de novembro próximo passado, hoje, o dia dez de dezembro de 2011, prometia.  Parece, contudo, que meus conhecimentos astrológicos são mais sólidos, do que os meus conhecimentos - ou ignorância - geopolítica.
A Astrologia dizia:  "Entrada definitiva de Urano em Árias, sem mais retrogradar a Peixes = exacerbação da revolta de povos e nações oprimidas contra seus opressores".  Isso deu certo.
Minha Geopolítica afirmava:  "Pelo andar da carruagem, a bola da vez é a Síria."  Isso, aparentemente, deu errado.
Acertei, portanto, o milagre:  hoje, dia 10 de dezembro de 2011, houve protesto pró-democracia de uma magnitude que não se via há vinte anos, na - errei o santo - ...Rússia, não Síria!  Imagino, ainda assim, que essa última logo passará por tal processo, já que o silêncio da BBC também fala:  quando os rebeldes líbios estavam fazendo seus maiores avanços, em seus noticiários, todo e qualquer comentário sobre a Líbia saiu do ar, certamente para evitar que Kadafi  abortasse tais avanços municiado com dados fornecidos pela emissora.  Pois bem, há três dias que a Síria desapareceu do ar.  Bem, logo veremos.
Só em meados de julho Urano irá retrogradar, abrindo espaço para algum apaziguamento - por vitória ou acordo - entre as partes em conflito.  Até lá, todo esse conflito entre governos opressores e povo oprimido tende, imagino, não a retroceder, mas a se radicalizar.  Assad e Putin que se cuidem!
No momento, estou muito atarefado para poder aprofundar o assunto, mas logo volto a ele. 

sábado, novembro 26, 2011

A "PRIMAVERA ÁRABE" (I): MAIS UMAS PREVISÕES

Em dezembro de 2010, previ que, a partir do mês seguinte, coletividades que sentiam oprimidas iriam rebelar-se de forma frequentemente sangrenta.  Era fácil prevê-lo: Urano, planeta essencialmente ligado com a ânsia de liberdade iria, em janeiro de 2011, entrar no signo belicoso de Áries, fenômeno em nada corriqueiro: leva mais do que 80 anos para repetir-se.  A correção do previsto ficou patente para todos: Tunísia em janeiro, Egito em fevereiro, Líbia em março etc., etc..
Apraz fazer previsões sobre Astrologia Mundial por duas razões:  primeiro, qualquer previsão incorreta que eu venha a fazer, não traz prejuízo algum, já que minha influência sobre os acontecimentos mundiais é nula;  segundo, porque previsões feitas sobre eventos de conhecimento público permitem a "peer review" (= revisão pelos pares), instrumento essencial para que se validem ou invalidem hipóteses com pretensão de cienficidade. 
No espírito de continuar essa "peer review", vou fazer mais uma previsão.  O dia 10 de dezembro próximo  (quando o movimento de Urano de retrógrado passa a direto) marcará a inversão do jogo militar de forças na Síria - que, na "primavera árabe", certamente é a "bola da vez":  a maior parte do exército deixará de servir ao governo para passar a lutar ao lado do povo.  Um clima de guerra civil deverá instalar-se no país até meados de julho do ano próximo, quando - com o Assad devidamente "frito" - algum tipo de governo de transição tomará o poder (Urano retrograda novamente).  Quem viver verá.
A propósito - e se bem me lembro já mencionei isso em algum artigo deste blogue - no início de 2008, eu previ que, a partir do fim daquele ano, com a entrada definitiva de Plutão (= forças subterrâneas) em Capricórnio (= estruturas rígidas), iríam provavelmente ocorrer explosões vulcânicas, terremotos, tsunamis etc, etc.  Quem viveu, já viu.

segunda-feira, outubro 03, 2011

O REGIME POLÍTICO IDEAL



Em sua característica mais geral, no melhor dos regimes políticos, o PODER é da MAIORIA e o GOVERNO é dos MELHORES.
Se você tem um excedente financeiro que o torne capaz de investir em ações de uma Sociedade Anônima, isso o torna capaz de dirigi-la?  Na esmagadora maioria das vezes, NÃO.  Mas, juntamente com os demais acionistas, você tem PODER para apear do comando executivos incapazes de produzir lucro ou que, não obstante capazes, administram com vistas em proveito próprio, não no do seu.  Seja, as empresas que melhor servem a seus acionistas são as GOVERNADAS por uma ARISTOCRACIA – um grupo de especial EXCELÊNCIA EXECUTIVA – atrelada pelo PODER dos acionistas ao fim de melhor servi-los.
Não há qualquer razão para que o melhor modelo para a dimensão empresarial não seja também o melhor modelo para a dimensão política.

Como expõe BONAVIDES:  “O PODER é do povo, mas o GOVERNO é dos representantes, em nome do povo:  eis aí toda a verdade e essência da democracia representativa”[1].
E não conheço melhor forma de atrelar o GOVERNO de uma ARISTOCRACIA POLÍTICA ao PODER do interesse popular do que o VOTO DISTRITAL PURO (cf. www.euvotodistrital.org.br). [2]

Alguém conhece?  Em caso positivo, esclareçam-me.

[1]  BONAVIDES, Paulo.  Ciência Política.  São Paulo:  Malheiros Editores, 2006.
[2]  Sendo nada além desse atrelamento o que impede de vermos, onde deveria estar uma ARISTOcracia política - um governo dOS MELHORES - uma OLIGarquia política - o governo de UMA GANGUE (terá alguém maldosamente associado esse meu comentário ao Maranhão e à família Sarney?  Que, não por acaso, andou abraçado com o Lula...?)

domingo, outubro 02, 2011

RELIGIOSIDADE

Religiosidade é a capacidade de experimentar estados emocionais inefáveis, seja, impossíveis de ser expressos mediante palavras.  Quando a religiosidade encontra forma numa religião, transforma-se, como quis Freud, em totemismo, ou, como queria Fromm, em idolatria.

terça-feira, setembro 13, 2011

A PSICOLOGIA DO FAZ-DE-CONTA ATACA NOVAMENTE!

 Cara amiga, só agora pude ler a matéria que você me enviou, “Falar demais sobre experiências ruins pode piorar problemas”, da triste pena de uma tal Danielle Nordi, publicada em 24/02/2011, em iG São Paulo, da qual comento especialmente os seguintes trechos:
Remoer e reviver os problemas não é saudável para a saúde mental de ninguém” ... “Ela poderá ter mudanças emocionais e neuroquímicas importantes como uma liberação em maior quantidade de adrenalina e cortisol, o que pode contribuir para o aparecimento de um quadro depressivo
Essa autora parece não ter a menor noção:
(a) da diferença entre “remoer” e “reviver’; nem de que
(b) se encontramos uma relação estatística que revela que 30% dos acidentes automobilísticos ocorrem com motoristas alcoolizados, isso não significa que 70% DOS ACIDENTES DE AUTOMÓVEL SÃO CAUSADOS POR FALTA DE ÁLCOOL, e, portanto, que se deveria vender mais cachaça nos postos de gasolina em auto-estrada para reduzir a incidência daqueles! É fantástico conseguir confundir “reviver” experiências traumáticas ou o “brooding” – o “remoer” idéias, depressivas ou não, um mero sintoma – com suas causas . Um pouquinho a mais de cegueira e esse pessoal seria capaz de aconselhar a ingestão de antipiréticos para, bloqueando-se a febre, curarem-se as infecções que lhes podem dar origem.
A Psicologia do Faz-de-Conta rides again!
[Para os interessados, o linque  da matéria é
ARGH!


domingo, setembro 11, 2011

PAROLE, PAROLE, PAROLE...



Todo governo que promete iminente instalação do Paraíso só tem o Inferno para pronta entrega.  Para nos restringirmos à vizinhança, vide Chávez. Aliás, isso me traz à mente um episódio da vida de Freud.  Certa feita, ao entrar na casa desse último, Ernst Jones viu sair um jovem que, por sua maneira de vestir, nem de longe parecia pertencer ao nível social dos costumeiros frequentadores daquela.  Perguntou, curioso:
- Quem é?
- Ah, um rapaz que queria me convencer sobre as vantagens do comunismo...
- E você?
- Disse que estava meio convencido.
- Como assim?
- Bem, ele afirmou que, numa primeira parte vai haver muita luta, sangue, fome, sofrimento e morte, mas que, em seguida, se  irá instalar um modelo socio-político-econômico em que cada pessoa "dará na medida de suas possibilidades e receberá na medida de suas necessidades".
- E você disse que estava "meio convencido"!?
- Claro, disse que acreditava na primeira parte...

Mais de uma vez Freud mostrou essa "elegância no dissenso".  Quando Jung foi fazer uma série de palestras nos Estados Unidos com o objetivo de divulgar a Psicanálise, escreveu para o Mestre:

- "Minhas conferências para a divulgação da Psicanálise têm sido muito bem sucedidas.  Tirei um pouco daquele negócio de sexualidade, mas a aceitação é enorme."

Pouco tempo depois, recebe lacônico telegrama de Freud:

- Tire o restante e a aceitação será completa.

Há mais, que deixo para uma próxima vez.  


sexta-feira, setembro 09, 2011

SANTA INGENUIDADE!

Alguns pensadores acusam a humanidade de estar viciada em Deus.  Santa ingenuidade!  Deuses são descartáveis:  a humanidade está viciada EM ALTAR!  Havendo um, pouco importa quem nele trepa.  A própria Revolução Francesa, disposta a se livrar de deus, não foi capaz de se desembaraçar do andor, e, para que ele não passeasse desguarnecido pelo Champs-Elysées, pespegou-lhe por cima uma imensa estátua... da Razão!  Êta viciozinho brabo!  

Bem poetava Pessoa:

"Nasce um deus.  Outros morrem.  A verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma nova Eternidade,
E era sempre melhor o que passou."

Fernando, todavia, se, por um lado, guarda razão em dizer que para a humanidade, como para qualquer torcida, a Verdade pouco importa, atropela-se, por outro, ao sugerir que a antiguidade de um deus é seu valor maior. Esqueceu-se que, dentre esta humanidade altar-addicted, se existe quem prefira a Tradição, há um número esmagador que prefere a Moda.  

Com efeito, para qualquer torcida, importa que seu time ocupe o pódio, não a legitimidade do gol.  A Verdade? Para o inferno com a ela! E, com ela ali,  para os altaristas adictos à tradição, não cabe plantar em altar, andor ou pódio, seja Guevara, Chavez, Jung ou Lacan, se já se tem Marx e Freud.  Nem, para os altaristas adictos à moda, permitir que Freud e Marx apoquentem nossos sonhos, se temos Guevara, Chavez (por que não Lula?), Jung e Lacan para aplicar-lhes mais cor.

 Afinal, já basta a pachorrenta, monótona, iremediável e insubstituível presença do ALTAR.  

Por que não trocar, ao menos vez ou outra, aquele que o ocupa?  

Cristo que se cuide...

quarta-feira, setembro 07, 2011

O EMPREGO DO DIABO

Até o século XIX, não havia comida suficiente para alimentar nosso planeta:  idealizava-se a gordura (vejam-se as mulheres de Renoir), o sexo por mero prazer era a tentação e o demônio encarnou-se em prostitutas.  Hoje, todo o planeta poderia ter comida, que ominosamente falta entre os pobres e vergonhosamente abunda entre os abastados:  idealiza-se a magreza (vejam-se as modelos anoréticas), comer por mero prazer tornou-se a tentação e o demônio, preocupado em  não assustar, travestiu-se em garçons e garconetes.  Sempre que possível, de churrascaria ou fast food.

segunda-feira, agosto 22, 2011

DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SEXOS


          Só quando os eixos “homem-mulher”, “masculino-feminino” e “maternal-paternal” forem reconhecidos em sua autonomia, merecendo, cada um deles, uma abordagem em separado para, após isso, analisarem-se suas interações, poderá a questão dos direitos e obrigações de homens e mulheres ser devidamente aproximada.

O quadro abaixo põe a claro uma obviedade frequentemente descuidada e que abordei en passant, em meu artigo “Elisabeth Badinter e a Idealização da Maternidade”, postado neste saite.  Com efeito, o quadro explicita como em vez de DUAS CATEGORIAS, que vão no quadro sombreadas  – o homem masculino e paternal e a mulher feminina e maternal – há OITO CATEGORIAS a serem devidamente respeitadas para que uma adequada aproximação da matéria se torne viável.  Vejamos:


HOMEM
MULHER
MASCULINO
FEMININO
MASCULINA
FEMININA
Paternal
Maternal
Paternal
Maternal
Paternal
Maternal
Paternal
Maternal
1
2
3
4
5
6
7
8

Nossa cultura ainda não exige a organização de um “movimento masculista” (vai, é claro, acabar exigindo), mas o “movimento feminista”, que já se fez necessário, ficará à deriva, enquanto não reconhecer a realidade das oito categorias que o quadro expõe. 

Isso não parece suficientemente explicitado na defesa da mulher, não obstante o quanto meritória, levada adiante por Badinter.

domingo, agosto 21, 2011

LOJA DE CONVENIÊNCIAS

Entrei em uma loja de conveniências para comprar sei-lá-o-quê.  A atendente estava dando o troco para um senhor.  O diálogo que se seguiu é real e foi presenciado por quem estava comigo.  Perguntei, sem que ela tivesse dito mais do que duas ou três palavras:

CÉSAR:  "Você é ariana?"
VENDEDORA:  "Sim, sou de Áries!"
CÉSAR:  "Nasceu às 6 horas da manhã?"
VENDEDORA:  "Exatamente às 6 horas da manhã!"

O diálogo tem saborosíssimo epílogo, mas vale, antes, comentar o fragmento transcrito.

Como pude supor que a moça, de seus vinte e poucos anos, era ariana e, logo em seguida, desconfiar que nascera às 6 da manhã? Para um astrólogo experimentado, não haverá surpresa. Para os leigos na matéria, há de parecer milagre.

Explico o "milagre". 

Supostamente, dar um troco é um gesto de cortesia, que devolve a de nos haverem comprado algo que desejávamos vender. A atendente não devolveu o troco - aliás, eram moedas - estendendo-o às mãos do cliente, cuja expressão facial não apresentava qualquer sinal de, anteriormente à minha entrada na pequena loja, haver ocorrido algum conflito entre ambos.  Não.  Ela não devolveu simplesmente o troco. Ela bateu com a mão cheia de moedas sobre o balcão, fazendo característico ruído, e deixando-as ali, para que o freguês as alcançasse.

Não era a gentil devolução de um troco, como tipicamente caberia a um venusiano sujeito de Touro ou Libra.  Aquilo era uma aberta - não obstante microscópica - declaração de guerra. 

Guerra abertamente declarada[1]?  Igual = Áries!

Mas não foi isso só.  Quando me confirmou seu signo, a vendedora - eu ia dizer "nossa vendedora", mas imaginei que um ariano não gostaria de tais intimidades - fê-lo com um tom que matizava com especial adendo as entrelinhas de sua resposta:  "E por quê?  Algum problema?"  Não.  Não era ariana.  Era  MUITO ARIANA.  Ora, MUITO ARIANA = Sol e ASCENDENTE em Áries.  Ora, SOL E ASCENDENTE no mesmo signo, seja, nascimento ao nascer do Sol, seja (em nossa latitude),  nascimento por volta de seis horas da manhã.  Bingo!

Tudo muito interessante do ponto de vista de aquilatarmos o poder de previsão que nos empresta o conhecimento astrológico, mas, para mim, que já de muito visito esse poder, não tão saboroso quanto o epílogo dessa cena. 

Assentada, naturalmente, no aforismo inglês "it takes one to know one"[2], a moça me inquiriu:

ATENDENTE:  - Por quê?  VOCÊ TAMBÉM - nunca SENHOR, é claro, embora eu tenha 67 anos e ela, no mínimo, quarenta anos a menos do que eu - É DE ÁRIES?

E perguntou-me isso com já embrionário orgulho de mim, outro possível representante daquela alta estirpe cósmico-militar.

CÉSAR:  "Não, sou astrólogo." - respondi, com taurina placidez.

VENDEDORA:  Ah...!  - retorquiu, com visível desprezo, rebaixando minha estirpe para a dos serviçais científicos da sua...

Saint Exupéry, em seu magnífico Terre des Homes, transcreve um poema, nascido entre os tuaregues, após finda a guerra de independência da Argélia, durante a qual se enfrentaram duramente com os franceses, finalmente expulsos dali [3]. 

Repasso de memória o espírito do texto, com as previsíveis distorções de sua letra:

"O que será de mim agora, sem você,
Meu inimigo?
Antes, era você quem guiava
Meus passos pelo deserto,
Onde, por trás de cada duna,
Você poderia estar a espreita de mim.
Agora vago, sem destino,
Sem saber para onde olhar
Nem por onde caminhar..."

Você quer um amigo ariano?  Apresente-se como seu inimigo.
______________

[1]  Abertamente declarada.  Fosse um Escorpião, e a disposição para a batalha seria vista, não no gesto, mas na natureza do olhar;
[2]  Livremente:  "só um igual para reconhecer seu igual"!
[3]  Na verdade, não pelos combatentes argelinos, mas pela pressão do povo francês sobre o governo de De Gaulle, que, em confronto aberto com a direita militar e os colonos franceses, acedeu à pressão popular, engenhando, em 1959, o plebiscito que levou à independência da ex-colônia, oficialmente reconhecida em 1962.




sábado, agosto 20, 2011

sexta-feira, agosto 19, 2011

TRÂNSITOS DOS SUPERLENTOS



Só para os entendidos:  os trânsitos de Plutão mexem com o porão; os de Urano, com o térreo; os de Netuno, com o sótão.  Outra variação:  chafurdar; fazer acrobacias; transcender.

segunda-feira, agosto 15, 2011

DAR O CU COMO FORMA DE PROTESTO

Todo o mundo vai adivinhar o desenvolvimento do diálogo.  Estava-se falando, num grupo sobre o suposto absurdo de se eleger o Tiririca como deputado federal.  Alguém vociferou:
"Foi uma forma de protesto!"
Aditei:
"Claro, poder-se-ia chamar isso de DAR O CU COMO forma de protesto!"
Perguntaram-me:
"Você é CONTRA?"
Continuei:
"De forma alguma.  Na verdade, demos um "jeitinho" de suavizar o protesto japonês do harakiri e o budista de incendiar-se vivo no protesto mais suave de DAR O CU, ou, melhor, de DAR O VOTO, o que, aparentemente, tem até mais efeito."
Retorquiram:
"Como assim?"
Estendi-me:
"Bem, num total, Tiririca, à maneira de seus colegas, custa 250 mil reais por mês a nosso erário, sendo que, se reeleito, fará jus (!!!), após oito anos, a aposentadoria integral vitalícia.  Ora, a partir de sua eleição, com que nos agraciou São Paulo, inciou-se ali mesmo um movimento pela implementação do voto distrital (vide www.euvotodistrital.org.br), que, instaurado, impediria o alçamento ao Congresso, na esteira de um aproveitador sincero, de mais quatro - e certamente mais malignos - aproveitadores ocultos.  Ora, uma Psicanálise de um só sujeito é cara, por que não seria cara a de milhões de eleitores brasileiros que, a partir de Tiririca, começam a experimentar o insight de que os palhaços são eles???"



domingo, agosto 14, 2011

TEÍSTAS E ATEUS

Você crer que deus existe ou não existe não é problema:  problema é você acreditar que basta sua crença para que ele, de fato, exista ou não exista. 

GENERAIS E SACERDOTES

Na guerra, só duas coisas são indispensáveis:  um general para mandar você para a morte e um sacerdote para convencê-lo de que você vai continuar vivendo após ter morrido.

quinta-feira, agosto 11, 2011

O PESCADOR DE ESTRELAS


Dormita na praia o pescador de estrelas.  A culpada foi a noite que, de tão bela, lhe trouxera novamente sua velha solidão inesquecível.  Assim, embalado pelo marulhar das ondas, ele adormece, protegendo com cuidado os astros que pescara.  Quanto tempo passou assim?  Como saber?  Apenas, ia já a Lua alta, quando, sacudido pela força de um perfume, ele estremece ao roçar de alguns cabelos.  Abre os olhos.  Quem era?  E que importa?  Entendem-se num olhar...  Ele oferece-lhe as estrelas.  Depois de fitá-las largamente e com um olhar profundo, ela faz um sorriso e, com carinho, coloca-as entre os seios...  Juntos, deitam-se na praia.  A mansidão morna da noite envolve-os como a compreensão de um velho pai.  E um silêncio enorme, qual o bocejo de um gigante, prolonga-se pelo céu, estende-se sobre o mar e, rolando na crista das ondas, chega preguiçosamente às areias.  A noite cheira à suavidade penetrante de um perfume oriental.
Sozinhos.  Ele, de olhos fixos naqueles cabelos cor de ouro, que a Lua não faz que pratear, pela primeira vez esquece passado e futuro e saboreia fartamente o gosto simples do presente ...
 À mesma hora, na noite seguinte, ela voltou.  Sentou-se com os pés ao alcance das ondas.  Curiosa, esperava que ele mergulhasse as mãos nas algibeiras e trouxesse de volta uma pequena multidão de luzes.  Como crianças, brincavam:  derramavam as estrelas sobre si e corriam, corriam, deixando-as cair sobre as areias, para serem acariciadas pelo mar...
Assim foi.  Assim é até hoje:  encontram-se na praia;  ele troca com ela os astros que pescou.
Amanhã será assim?  Como saber?  Na verdade, nem ele sabe ao certo quem são aqueles cabelos, que, sob a Lua, lhe recordam o Sol, e aqueles olhos verdes, que se confundem com o mar.  Na verdade, ele nunca lhe perguntou se ela virá amanhã,  ela tampouco.  Talvez o melhor de tudo seja a certeza de que pouco lhes importa toda a incerteza. 
De tudo?  Não.  O melhor de tudo é ele ter podido, um dia, compartilhar com alguém as estrelas que pescou.

Rio de Janeiro, 15/03/1963

sexta-feira, agosto 05, 2011

CASTRAÇÃO QUÍMICA

Enviaram-me, via Internet, a seguinte pergunta:  “Qual o tratamento que deve ser dado a um pedófilo e quando a castração química seria uma opção?”

Bem, antes de tudo, cabe perguntar se há sentido em se “tratar” um pedófilo.

Minha resposta a essa pergunta é a seguinte:  se ele sofrer com sua condição, o atendimento psicoterápico é claramente indicado (se bem que, em se tratando de um psicopata, não é difícil que se tome por real um sofrimento meramente simulado);  se concretiza seus impulsos pedofílicos e se compraz em fazê-lo, as medidas a serem tomadas deverão ser essencialmente jurídico-penais, e apenas secundariamente terapêuticas. 
Mas voltemo-nos sobre os casos em que o tratamento é indicado e, em particular, ao tipo de tratamento sobre o qual fui inquirido:  a “castração química”.

Para começar, consideremos o que é castração química. A mais aceita atualmente é a realizada com a aplicação do medicamento Depo-Provera (acetato de medroxyprogesterona), uma versão sintética da progesterona (o hormônio feminino pró-gestação), que inibe a produção de testosterona, reduzindo o apetite sexual exacerbado não apenas dos pedófilos, mas dos sex-offenders em geral.  Os efeitos colaterais negativos mais frequentes da aplicação do Depo-Provera são: depressão, fadiga crônica, aumento da agressividade, diabetes e alterações no processo de coagulação sanguínea.  Ainda assim, há os que consideram que os benefícios em termos de adaptação social superam a negatividade desses efeitos colaterais.

Leve-se, em conta, não obstante, que a castração química só diminui a intensidade da libido, mas não altera a personalidade básica do sujeito. Como disse em entrevista à BBC, Donald Findlater, um porta-voz da organização britânica Lucy Faithful foundation, dedicada à proteção de crianças e adolescentes: "Os medicamentos não vão impedir que alguém que seja interessado sexualmente por crianças deixe de sê-lo", devendo ser, portanto, qualquer ação medicamentosa acompanhada de socorro psicoterápico.  Essa ação psicoterápico-medicamentosa tem efeito comprovadamente mais eficaz (redução de reincidência de 75%) do que o encarceramento que, uma vez terminado, leva apenas o pedófilo a exercer sua compulsão com maior prudência, com vistas a evitar novo encarceramento (redução de reincidência de apenas 2%).  Note-se, contudo, que a castração com o Depo-Provera não é, em princípio, definitiva. O molestador tem que se apresentar sempre ao médico legalmente designado para continuar tomando as injeções no prazo indicado, sem as quais os testículos poderão até mesmo aumentar a produção de testosterona acima dos níveis anteriormente verificados, com a acentuação obviamente correspondente da libido.

Por outro lado, a aplicação da castração química levanta, naturalmente, questões ético-jurídicas.  No Brasil, no ano de 2002, o deputado Wigberto Tartuce (PPB-DF), apresentou o projeto de lei 7.0212, que defendia a pena de castração, feita com recursos químicos, para quem cometesse o crime de estupro. O projeto não foi aprovado. Na Itália, apresentou-se projeto de lei análogo, com uma diferença fundamental: os italianos defendem a idéia de que A CASTRAÇÃO QUÍMICA SOMENTE PODERIA SER APLICADA COM O CONSENTIMENTO DO CONDENADO (que, se não consentir, cumpre a pena de prisão normalmente).  De meu ponto de vista, o projeto italiano é moralmente defensável; o brasileiro, não. 

Fico à disposição no que diz respeito a outros questionamentos sobre a matéria.

terça-feira, julho 19, 2011

PANORAMA MUNDIAL E CIENTIFICIDADE DA ASTROLOGIA

Contrariamente ao que é em geral suposto, a Astrologia pode, com toda legitimidade, pretender o status de ciência factual[1] (empírica[2] , não teórica, diferença que os astrônomos parecem desconhecer...), pois satisfaz às condições essenciais para que um saber factual mereça o status de científico, quais sejam: as de que seja capaz de (1) dar origem a previsões – corretas ou incorretas! – da ocorrência de fenômenos refutáveis[3] pela observação e de (2) aceitar invalidá-las, se tal refutação ocorrer.

Assumidos esses critérios, vemos que, se a defesa – astronomicamente correta – do heliocentrismo pode, na boca de Galileu, ser considerada científica, por assentar-se em observações empíricas refutáveis, já a mesma proposta, a despeito de sua correção, não pode, na voz dos sacerdotes egípcios adoradores de Ra, o deus Sol, ser assim considerada, pois tem assento unicamente na fé, escapulindo a esse tipo de refutação.

Da mesma forma, a sustentação - astronomicamente incorreta - do geocentrismo, pode, não obstante sua incorreção, ser considerada científica na voz de Ptolomeu, pois assentava-se na empiria, dobrando-se a ser refutada por ela, enquanto esse mesmo geocentrismo, eivado da mesma incorreção ptolomaica, não pode ser considerado científico na boca do Santo Ofício, o qual, para manter-se fiel à letra da Bíblia, esticou tanto sua fé que, para mantê-la, livrou-se dos fatos empíricos que a refutavam, usando o descarado subterfúgio de considerar como “instrumento do diabo” o telescópio, do qual, para dar fundamento ao heliocentrismo, se serviu Galileu[4].

Posto isso, passo a descrever três previsões que fiz, fundamentado nas proposições empíricas da Astrologia, todas elas perfeitamente refutáveis¸ sendo que duas dessas três já se preencheram e que o preenchimento ou não preenchimento da terceira poderemos logo constatar:

Primeira Previsão – No início de 2008, dada a entrada definitiva, no final de novembro daquele ano, de Plutão (= forças subterrâneas), no signo de Capricórnio (= estruturas rígidas), previ que, a partir dessa data, nas áreas em que houvesse significativas fraturas geológicas, iriam ocorrer, com maior intensidade e/ou freqüência, explosões vulcânicas, terremotos, tsunamis, inundações etc.. Tsunamis como o do Japão e explosões vulcânicas como a da Islândia, por mais lamentáveis que tenham sido suas conseqüências, não me causaram surpresa (embora tenha-me causado surpresa que, além de erupções vulcânicas, as forças subterrâneas de Plutão tenham também feito voar tampas de bueiro, nas fraturas rodoviárias com que as Prefeituras do Rio de Janeiro brindaram a população dessa cidade).

Segunda Previsão – Em dezembro do mesmo ano, disse a meu filho: “Caramba, a partir do início do ano que vem, as coletividades que se sentem oprimidas irão iniciar revoltas – frequentes vezes sangrentas – contra seus opressores – supostos ou reais!”. Fiz tal afirmação assentado sobre o conhecimento de que, no começo de 2011, Urano (= o grande promotor de revoluções) entraria definitivamente em Áries (= confrontos bélicos). Ele ficou absolutamente perplexo – não dava lá muito valor a previsões astrológicas – quando, conforme o que eu previra, a atual onda de revoltas, ora mais, ora menos sangrentas, começou a varrer o Oriente Médio, começando pela Tunísia.

Terceira Previsão – Como, grosso modo, dentro da faixa temporal que vai de 15 de julho a 15 de agosto deste ano, os dois astros mencionados vão entrar em conflito aberto[5]no Zodíaco, suponho que haverá uma exacerbação do torvelinho que cada um desses planetas já está causando aqui na Terra, mesmo antes de se “estranharem” no céu.

Essas três expectativas provêm de conhecimentos astrológicos e são perfeitamente refutáveis, sendo, portanto, de natureza científica, a despeito de sua refutação ou não-refutação.

As duas primeiras não foram refutadas, quanto à terceira, “quem viver verá”...[6]

Rio de Janeiro, 15/07/11.

[1] Não uma ciência meramente formal, como são, por exemplo, a Lógica e a Matemática.
[2] Como, por exemplo, a cada vez mais reconhecida Homeopatia;
[3] "
Refutabilidade" (falseabilidade ou falsificabilidade), conceito fundamental para a Filosofia da Ciência, foi proposto por Karl Popper (1902-1994), considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a ocupar-se desse ramo da Filosofia. Para uma asserção de natureza empírica ser refutável, basta que seja possível fazer-se uma observação que a contradiga;
[4] Instrumento, aliás, de que não dispunha Ptolomeu, o qual, sobre observação empobrecida, baseou falsa conclusão;
[5] Para os entendidos: estarão dentro de uma órbita de 1 grau da quadratura partil;
[6] Confesso que me assusta a possibilidade de que, desse torvelinho, também faça parte a não ampliação do "teto da dívida" estadunidense.