sexta-feira, setembro 09, 2011

SANTA INGENUIDADE!

Alguns pensadores acusam a humanidade de estar viciada em Deus.  Santa ingenuidade!  Deuses são descartáveis:  a humanidade está viciada EM ALTAR!  Havendo um, pouco importa quem nele trepa.  A própria Revolução Francesa, disposta a se livrar de deus, não foi capaz de se desembaraçar do andor, e, para que ele não passeasse desguarnecido pelo Champs-Elysées, pespegou-lhe por cima uma imensa estátua... da Razão!  Êta viciozinho brabo!  

Bem poetava Pessoa:

"Nasce um deus.  Outros morrem.  A verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma nova Eternidade,
E era sempre melhor o que passou."

Fernando, todavia, se, por um lado, guarda razão em dizer que para a humanidade, como para qualquer torcida, a Verdade pouco importa, atropela-se, por outro, ao sugerir que a antiguidade de um deus é seu valor maior. Esqueceu-se que, dentre esta humanidade altar-addicted, se existe quem prefira a Tradição, há um número esmagador que prefere a Moda.  

Com efeito, para qualquer torcida, importa que seu time ocupe o pódio, não a legitimidade do gol.  A Verdade? Para o inferno com a ela! E, com ela ali,  para os altaristas adictos à tradição, não cabe plantar em altar, andor ou pódio, seja Guevara, Chavez, Jung ou Lacan, se já se tem Marx e Freud.  Nem, para os altaristas adictos à moda, permitir que Freud e Marx apoquentem nossos sonhos, se temos Guevara, Chavez (por que não Lula?), Jung e Lacan para aplicar-lhes mais cor.

 Afinal, já basta a pachorrenta, monótona, iremediável e insubstituível presença do ALTAR.  

Por que não trocar, ao menos vez ou outra, aquele que o ocupa?  

Cristo que se cuide...

2 comentários:

Bruno Lara disse...

SANTA INGENUIDADE!
A próxima a ocupar o lugar neste bizarro ALTAR esquizofrênico.

Alessandra Caprara disse...

Humanos... complexos? Eu diria: sempre previsíveis. Precisam de altares para colocarem lá aquele que pratica tudo aquilo que não têm coragem de fazer e para fixar neles toda sua esperança de algo perfeito (mesmo que em imperfeições), pois eles mesmos não têm coragem de se colocar ou apenas creem que a solução sempre vem de fora (afinal de contas o pecado original nos contamina a todos... e as bactérias nos infectam), assim como os problemas vêm de fora... Projetar é mais cômodo, certo? Pode não ser eficiente, mas mantém viva aquela "esperança" que algo um dia mude no mundo mesmo que continuemos sendo os mesmos.
Não poderíamos esquecer que se temos os altares para acolherem nossos "heróis", temos também os altares para aqueles em quem podemos colocar todas as nossas culpas... Afinal de contas não sou eu o problema, o problema não está em mim... sou inocente e manipulável... apenas humano, torto e fraco...
AMEI o texto Cesar! :) Obrigada!